
É à noite que me fazes falta,
Tu, a ti, que eu nunca tive,
Que eu nunca conheci,
Para dançarmos juntos
A dança da noite
E desfrutarmos em conjunto
A Lua, deusa das pérolas invisíveis.
É a ti que eu quero,
Forte e seguro,
Mas frágil e terno,
De asas transparentes
E corpo viril e ágil.
Quero que precises de mim também,
Quero que me deixes amar-te
Mas principalmente
Quero que me ames e protejas
Me vejas como a tua prioridade
Me encantes com o teu olhar sincero
Com os teus gestos meigos
Ou com a tua pálida vaidade.
Quero-te nos meus intermináveis fins-de-semana
Para que estes não sejam tão solitários e opacos.
Quero-te na minha vida,
Não como um estorvo, mas como um cúmplice
Não como um opositor, mas como um amigo
Não como um juiz, mas como um advogado
Não para me enterrares, mas para me puxares do fundo,
Sempre que eu, fraca e sentimental
Me deixe atolar no inevitável lodo cíclico da vida
Ou me embrenhe no abismo rochoso da exclusão.
Quero-te ao meu lado,
Para ouvires as minhas gargalhadas,
Mas também para me limpares as lágrimas,
Me aconchegares a roupa, quando eu tenho frio
Ou me refrescares, quando eu transpiro em demasia.
Quero-te junto a mim, para poderes rir comigo
Das insânias que digo com inocência,
Ou dos meus actos desajeitados
Ou ainda quando me enfeito de colares coloridos
Quero-te por perto,
Para poder ver e partilhar os teus sorrisos, as tuas lágrimas,
Os teus olhos parados e perdidos,
Ou ouvir as tuas palavras sem sentido.
Quero-te próximo de mim,
Para juntos construirmos o que nos resta da vida
Porque com meio século
Ainda se podem iniciar construções.
Quero-te nas noites e dias de Inverno,
E nos dias e noites de Verão,
Antes, durante e depois do solstício.
Sei que não existes, porque não te conheço
Mas eu sonho-te.
E é o meu sonho que te edifica,
Que te dá corpo
E que me dá esperança em tons de violeta
Em cada onda que lambe os meus pés,
A cada sete ondas que rebentam junto de mim.
Procuro-te há anos a fio,
E um dia, sei que te hei-de encontrar
Talvez já não seja aqui, neste mundo
Mas prometo-me que não vou desistir.
Quero-te!!
Sou leviana por te querer?
Arrebatada por te inventar?
Talvez
Mas este Mar que me banha e encanta
Ainda um dia me há-de trazer
Um colar de mil pérolas
Vindas do mar do oriente
E tu, virás nele agarrado
Para me tornares a rainha de todas as fadas.
Quero-te, simplesmente!