sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Os olhos são o espelho da alma


Os meus olhos são traiçoeiros.

Revelam o que se passa dentro de mim sem que eu nada diga.

Falam com o mundo mesmo quando a minha boca se cala e nada quer dizer aos outros.

Mostram exuberantemente o meu estado de espírito e não me deixam espaço para dissimulações ou justificações adequadas...

São os meus sentimentos que se põem constantemente à janela, não esperando por ordens interiores.

Depois... depois qual Carochinha, fico exposta ao meu João Ratão... sem nada conseguir argumentar... sem saber se o posso amar.

Esta transparência por vezes incomoda-me pois não tenho privacidade de alma... e os meus olhos abertos badalam sem cessar o que ouvem do coração!

É assim: os olhos são o espelho da alma... sempre que ela chora ou ri!

Terei eu que comprar uns óculos escuros??

Os meus olhos são verdadeiros... mas traiçoeiros!

"Carlota" - O livro


"As paredes da sua casa pareciam as paredes de um templo grego onde, em vez de estarem escritas profecias adivinhadas por uma sacerdotisa, estavam registos nostálgicos de vida.

Elas estavam plenas de uma escrita desconexa e incompreensível, sem lógica... para os outros. Ela sabia onde estava o início e o fim de cada frase e qual a sequência no raciocínio que ela seguira; não era difícil; era apenas necessário sentir e pensar da forma que Carlota pensava. E Carlota respirava sentires.

Dentro das suas veias corriam emoções e o seu coração batia paixões sucessivas, quase todas elas sofridas e desgastantes, frustradas e frustrantes. Dentro destas corriam ainda rios de letras, pontos, vírgulas , reticências e muitas, muitas palavras que não chegavam à foz, ficando aprisionadas em barragens de mutismo, situadas na garganta..."

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O caminho faz-se caminhando - Parte II


Passo a passo, por vezes tão lentamente qual caracol coxo ou caranguejo com falta de patas, vou trilhando o meu caminho.

É um caminho sinuoso, escorregadio, esburacado e por vezes escuro... mas é o meu caminho.

Num curto espaço de tempo, já caí, já parti saltos de sapatos, já gastei solas inteiras, mas continuo a caminhar, caminhando ao ritmo que sei e posso.
Não estou sozinha nesta caminhada. O meu caminho, ele pretende ser paralelo a um outro e, ainda que matematicamente impossível, entrecruzar-se com ele.

Já ficou para trás um bom pedaço, esse sim bastante acidentado. Agora o caminho que percorro é plano e parece mais seguro... mais estável e promissório...

Quero continuar a aprender a caminhar e a descobrir todas as vertentes que esta vida de caminhante me mostra e oferece, desfrutando de cada enseada e vereda...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Poema


"Aprende a amar quem eu Sou

Leva-me a passear dentro do teu coração

Transporta-me para sempre com amor nessa tua caixa.

Ama-me, acarinha-me e rouba-me

O que resta do meu ser, assim...


Serei eternamente tua e

Dançarei para ti valsas de sons únicos

Cantarei melodias nunca ouvidas

Serei freira casta e surda

Mulher séria e esposa dedicada

Rameira fogosa e amante ardente.


Levar-te-ei ao céu.

Voaremos juntos numa nuvem

de esperança, amor e prazer.

E quando o cansaço nos visitar

Dormiremos com os anjos

Sempre que puder ser.


Não quero mais ser esquecida

Não quero mais ser preterida

Não quero andar escondida

Quero ter e ser parte da tua vida"



quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Eu

Esta sou eu... sozinha, isolada, a olhar para lugar nenhum.
...
É assim que estou bem e assim que vou permanecer.
...
Gosto do azul do mar e do silêncio.
...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

De volta...


"Estou de volta

Pró meu aconchego...

Trazendo na mala

Bastante saudade..." - Diz a canção brasileira...

Eu digo que estou de volta para o meu refúgio que é a minha realidade permanente.


Vou voltar a acreditar apenas nos meus papéis e no meu trabalho; chafurdar de cabeça em toda a burocracia; passar horas no computador nas minhas tarefas e beber os momentos em que passo com o meus meninos a fazer o que realmente gosto e me realiza e permanece sempre na minha vida.


O resto??

Acessórios de duração breve e irreal...

Estou de volta...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Paixão...


Paixão: estado de alma ou de coração?

Espaço do ser ou do sentir?

Lugar do querer ou do estar?

Estado consciente e lúcido, ou semi-inconsciente e longe da realidade, ébrio de sentimentos?


Paixão, encantamento, enamoramento, estado breve, efémero, estado ilusório ou estado permanente e estaca do amor?


Paixão...

Surge como movimentos de maré, como fases de lua, como movimentos de rotação, como explosão de cores e odores...


Paixão...

Filtro de visão, condutora de sentires...

Paixão: Apenas um estado de imbecilidade e de cegueira temporária. Há que acordar para a vida e para a realidade... sempre!!!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Templo de liberdade!!!


Construír um templo à nossa medida é tarefa constante, permanente e um acto de coragem... mas é o nosso propósito enquanto seres vivos.

Construímo-lo todos os dias, peça a peça, com o nosso esforço, o nosso suor, a nossa dedicação e crença, o nosso saber...

Acreditamos nos nossos ideais, nos nossos princípios, na nossa religião (mesmo quando não a temos), no nosso partido (mesmo sem sermos filiados).


O fundamental é, no entanto e independentemente da côr que advogamos, o respeito pela dádiva da vida e pelos princípios básicos e supremos do ser humano.


O templo vai sendo construido como nos deixam e não à nossa medida, porque não vivemos sozinhos e porque os outros não vivem nem pensam da mesma forma que nós: esta é a liberdade da nossa sociedade!!


É importante não desitirmos nunca de erigir o nosso império, suportado pelas nossas crenças, pelos nossos princípios, pelos nossos sentires e pelos nossos quereres.

Só desta forma livre poderemos também compreender, respeitar e aceitar os templos de liberdade dos que estão à nossa volta.
Também por isso todos os que se empenham merecem um hino, ainda que mudo ou guturizado por poucos.

Já dizia o poeta: "Só há liberdade a sério quando houver, liberdade de pensar e decidir... "

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Medo...


O medo não fugiu, não desapareceu, não se dissipou, não deixou de existir.

O meu medo apenas se escondeu, durante algum tempo.

Vestiu uma capa diferente de forma a que eu não desse por ele... mas estava presente, tem estado sempre presente, atrás de mim como uma sombra negra, como um agoiro à espera de atacar.


Hoje voltou a aparecer na sua mais bela pujança e com as suas mais vistosas roupagens, sob as suas mais diversas formas... e eu... eu fiquei pequenina, indefesa, dormente, dolente e assustada.


Quero despedi-lo, divorciar-me, ver-me livre dele de uma vez por todas, acabar com este relacionamento infindável que mantenho com ele... mas ele não me deixa! .... Mantém até uma relação promíscua e doentia comigo!!


E assim vou continuando, caminhando na mesma, mas sempre acompanhada por um sentimento que não queria, acompanhada por este sentir pouco nobre, por esta besta que faz parte de mim...


Caminho... mas ele está lá!!!

domingo, 5 de outubro de 2008

Amor é...


"Amor é: caminhares comigo à beira-mar, estando atento aos meus passos para que eu não tropece e caia."