Fecha-se assustadoramente o cerco.
Ela não pára a sua tarefa incansável. Este ano escolheu os meus para ter o que fazer.
Tem-me levado discriminadamente pessoas e animais de uma forma e a uma cadência que me assusta e dói.
Anda à disputa com a outra que lhe é oposta, mas ainda não se decidiram quanto a mim, que nada faço por aqui, que já me cansei de tudo e cada vez me é mais difícil lidar com as perdas sucessivas, com as derrotas contínuas, com o esquecimento e com o desamor.
Talvez não haja uma sequência lógica, uma escolha criteriosa, uma selecção cuidada, regras específicas. Mas o que é certo é que vai acontecendo, de forma tão compassada que quase já me permito dizer quando e quem vai ser o próximo.
Hoje foi mais um para aquela que dizem ser a morada eterna. Eterna...
Queria colocar-me na fila, tornar-me voluntária, assim, de forma quase despercebida para ver se era contemplada, mas parece que as coisas não funcionam desta forma, ainda que tudo me pareça aleatório.
Lidar com a morte, faz-me sentir menos viva, menos incentivada para querer continuar a ver o sol.... e a ver o sofrimento de quem fica.
Ela anda por aí e o cerco fecha-se cada vez mais!
JC - Inédito
JC - Inédito