Esperei por ti ansiosamente; sonhei contigo... imaginei-te dentro da minha cabeça... atribui-te um rosto inventado por mim.
Mas tu faltaste na data em que tínhamos marcado o nosso encontro.
Teimaste em aparecer depois, de forma estridente e grandiosa como, aliás, era de prever: o teu pai tinha feito o mesmo comigo... porque não o havias de fazer tu?
E então chorei. Chorei num misto de tristeza e desilusão, frustração e mais tristeza ainda.
Mesmo assim senti-te várias vezes quando, protegido, ainda te escondias de mim. Amei-te em silêncio e à distância, desejei-te e dei-te o meu apoio.
Quando finalmente me anunciaram a tua chegada atrasada e atribulada, voltei a verter lágrimas, com empenho e alegria, mas simultaneamente com a revolta interesseira de quem está longe e em nada pode participar.
Continuei a imaginar o teu pequeno rosto, o teu cheiro, a tua pele macia, suave e rosada, os teus cabelos finos... o teu choro inocente.
Virei com afinco as folhas dos dias no calendário, mas eles insistiram em passar lentos.
Assim que a razão me permitiu e o coração deixou, voei para junto de ti para ter o prazer de te sentir, de te tocar, de te agarrar e amar em presença, mesmo que fechando os olhos em êxtase para te saborear!
Voltei a marejar os meus olhos, de forma incontrolada e imberbe, assaltada pela alegria. E embora já te conhecesse de imagens, ultrapassaste grandemente as fronteiras da criação da minha imaginação e, tantos anos depois, senti-me mãe de novo como pela primeira vez: era como se revisse e revivesse o meu próprio menino.
O amor que sinto por ambos??? Indescritível, profundo, singular, incomparável, indizível, já que as palavras existentes não chegam para o fazer!
Apenas o consigo comparar ao brilho do Céu azul, ao calor do Sol, ao aroma da Terra, à frescura do Mar, ao precioso Ar que respiro.
Mas continuamos longe, fisicamente separados por imensos pedaços de terra e outras tantas gotas de mar... com todo o amor que nos liga.
Este final de Verão foi diferente de todos os outros da minha vida e permanecerá inolvidável e indelével para sempre! E isto é felicidade.