quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Asas de Ícaro

Cresceram-me umas asas de Ícaro
Imagem retitada da net
Para quando o chão me falta
Debaixo dos pés
Mas começa a ser tão frequente
Que já não sei se sou
Pássaro frustrado
Ou simples humano derrotado!

As dores doem-me tanto
De novas e diferentes que são
Que não há voo
Não há marcha
Não há navegação
Que mitigue esta situação.

Disseram-me que não havia
Nada mais de mau
A poder sentir
Que já tinha experienciado
Todos os maus sentimentos.
Mas eis que se lembram
Que ainda podia sofrer
Um pouco mais
E inventam
Um novo padecimento.

E as asas derretem
Do voo alto que levaram.

Caio então estatelada numa realidade
Em más experiências cimentada.

Rebento de aflição
Expludo de ansiedade
Esvaio-me em depressão
Estilhaço-me de tristeza
Porque tudo deixa de fazer sentido
Tudo precisa de ser repensado
Talvez reprogramado
Talvez reaprendido...
Quem sabe, esquecido!


JC - Inédito