sábado, 26 de julho de 2014

E agora?

Imagem retirada da net (autor desconhecido)
E agora... e agora?
Tu mostras um ar alegre
Sem o conseguires estar
Tu sorris
Quando queres chorar
Tu vestes o mais lindo fato
Quando só de andrajos consegues andar.

Alimentas a tua falácia
A tua auto-estima
Sobre linhas construida
Mostras ao mundo
O que nem sempre acreditas
E maldizes as tuas benditas.

Já nem consegues agradecer
O pouco que de bom tens
Será pouco, ou será muito
Neste mundo materialista
Nada é
Mas se falares de outros bens
És considerado feliz
E não haverá ser lúcido
Que o desdiz.

Mas a outra realidade
Para outra dureza te acorda
E é esta a tua dualidade
É esta a tua interior discórdia
É este o motivo do teu sofrimento
É este o momento do teu recolhimento
É este o momento do teu aniquilamento
Para o qual,
De tanto quereres,
De tanto te esforçares
Um pequeno monstro pariste.

E agora... agora que meio mundo viste
A dor é mais dilacerante
Qualquer atitude mais acutilante
E o conseguir Estar
Cada vez menos apaziguante.

E depois... depois mostras o teu ar alegre
Um sorriso de olhar triste
Uma palavra de alento
Sem verdadeiro sustento
E uma atitude de confiança
Onde, no fundo, existe tudo
Menos, no Futuro, esperança!

JC - Inédito

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Tempestade

O vento soprou forte
Foto retirada da internet
O Rio de azul se fez cinzento
Provocou ondas de morte
E a Natureza perdeu o seu tento.

Voaram barcos, nadaram brancos carneiros
A terra fez-se rio
E o rio engoliu  Peixeiros
Que, impotentes, feneceram de frio.

Ia alta a madrugada
Quando a noite  finalmente acalmou                 
Chegou tarde, a maré menos fustigada
E os corpos, à areia triste, tornou.

Carpiam com as mulheres
Que já sabiam o que estava p’ra acontecer
Ainda assim, em uníssono gritaram
Quando os vultos viram aparecer.

E é esta a vida das gentes
Que, ribeirinhas, do seu sustento vivem
Faça chuva ou vente
Faça sol ou tempo quente.

Muito fácil demonstra ser
Muito bonito, parece o seu viver
Mas nem tudo é o que se vê

Nem tudo parece o que é...

JC - Inédito