domingo, 31 de março de 2013

Pegadas




Contra a minha vontade e seguindo os alvitres
Deixei de lado os sentimentos
Os sonhos e as saudades,

Os amigos, os desejos e as vontades
E tentei esquecer todos os anteriores momentos
As dores e os sofrimentos
Do passado que vivi
Da vida que me fez
Das experiências que era,
Para começar tudo de novo.
Mas… se começo tudo de novo
Como sei quem sou
Como sei para onde vou
O que quero e o que procuro
O que aprendi e o que não quero repetir
Quem conheço e quem me marcou
Quem me ignorou e quem me amou?
Com sei qual o caminho a seguir
Como sei se ainda devo fugir
Como sei o que devo sentir?
Agora, neste momento ainda não conheço as cores
Os sons bonitos ou os belos odores
Mas já sei que me sinto vazia
Já percebi o que é a escuridão
O frio e a solidão
O amargo da mentira
E o podre da traição.
Deverão eles fazer parte desta minha nova vida?
Quem sou eu? Onde estou? Para onde vou?
Quem roubou o meu ser ou quem me anestesiou?
Não adianta distrair-me
Pretendendo ser o que não sou
Desejando esquecer o que não consigo
Querendo mudar o imutável.
Sigo então neste caminho já trilhado
Neste destino já traçado
Com um passado que se prolonga
E sem futuro que se vislumbre
Num presente dolente que nunca termina
Numa dor infinda que apenas a negrura ilumina.
E assim, sei quem sou
O que fiz, onde estou
Mas não para onde vou
Porque não há desígnio para mim
A não ser o que conheço…
E talvez o único que mereço!

               JC - Inédito