sábado, 21 de abril de 2012

EU


Eu sou esta
Mas também sou outra
Sou a que ri,
talvez de si própria
Mas também a que chora,
talvez pelos outros.
Sou a rocha, o monumento imponente
Que permanece no tempo
Mas também a pedra de gelo,
que derrete facilmente
o pedaço de vidro frágil,
que quebra simplesmente.
Sou a que luta sempre sem cansaço
Mas também a que desiste por exaustão.
Sou Mulher forte e segura
Mas também menina frágil e temerosa.
Sou a que não precisa de amor
Mas também a que quer ser amada.
Sou a que tem a solidão
Mas também a que quer companhia.
Sou a que nada incessantemente
Mas também a que se afoga em mágoas.
Sou aquela que já nada sente
Mas também a que tem dores de angústia.
Sou aquela que nada pede
Mas também a que tudo quer.
Sou aquela que destrói impossíveis
Mas também a que edifica improváveis.
Sou a que mata sonhos
Mas também a que fabrica esperança.
Sou a escuridão que cai
Mas também o sol que brilha no horizonte.
Sou o deserto agreste
Mas também o oásis tranquilo.
Sou o que resta do passado
Mas também o caminho do futuro.
Eu... sou apenas assim
Este jogo de opostos

Neste mundo de desengano
Neste deserto sem fim...

JC - Inédito

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Desafios




"Viver é enfrentar desafios.
Quem nunca enfrentou desafios
Apenas passou pela vida
Não viveu.

Sim, todo mundo quer uma vida tranqüila e estável
Mas não se consegue isso sem luta, esforço
E muita coragem.

E ninguém quer uma vida medíocre
Sem sal nem açúcar.
Definitivamente, isso não é coisa que engradece a alma.
Mas se você quer seguir adiante com glória
Tenha ciência de que às vezes é necessário
Mudar a estratégia do jogo radicalmente.

Você poderá perder muitas peças
E muitas batalhas no caminho.
E não importa o quanto você sofra
O quanto você apanhe:
Você precisa reunir suas forças e seguir em frente.

Mesmo que tudo pareça perdido, não esqueça:
Na vida, assim como num jogo de xadrez
Enquanto você estiver de pé e lutando
Nada estará perdido.
- Basta que você mantenha o Espírito
E siga em frente!"

Augusto Branco 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Beijar


"Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.
"Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como és.
Fácil é ocupar um lugar na tua lista telefónica. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é persistir por um sonho.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar. Difícil é mentir para o nosso  coração.
Fácil é ver o que queremos ver. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "olá" ou "como estás"? Difícil é dizer "adeus".
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente eléctrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. Aprender a valorizar o Amor.
Falar é fácil, quando se tem palavras em mente que expressem uma opinião. Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente sentimos."
Carlos Drummond de Andrade

sábado, 14 de abril de 2012


"Se te contentas com os frutos ainda verdes, toma-os, leva-os, quantos quiseres. 
Se o que desejas, no entanto, são os mais saborosos, maduros, bonitos e suculentos, deverás ter paciência. Senta-te sem ansiedades. Acalma-te, ama, perdoa, renuncia, medita e guarda silêncio. Aguarda. Os frutos vão amadurecer."

Professor Hermógenes


quinta-feira, 12 de abril de 2012

CRÓNICA DO DEPOIS



Assisti, impotente, à tua partida lenta, ao teu afastamento. Tentei incessantemente segurar-te mas tu parecias não ter corpo e escorregaste sempre pelos meus dedos fragilizados.
Talvez o teu amor fosse pouco ou talvez não tivesse mesmo existido, pelo menos da forma que tu dizias.
Afastaste-te tanto que ficaste um simples ponto na linha do horizonte e depois desapareceste por completo.
Deixaste para trás sem as poderes apagar, as falsas palavras de enamoramento, as enganadoras declarações de sentimentos, as falazes promessas, os ilusórios desejos formulados. E isso, nunca poderás mudar, porque aconteceu. Nem isso nem o que fizeste depois, as dores que me causaste, o incómodo da espera, a ansiedade da incerteza, as insónias de delírio, a tristeza de mais uma perda, a saudade do que não se efectivou, a revolta de ter sido ludibriada, a negação do que estava a acontecer, a difícil aceitação.
Compreendi-te e aceitei-te com todas as tuas humanas imperfeições.
Ouvi-te, desejei-te e amei-te mas mesmo assim tu... tu continuaste duro, frio e impenetrável, demasiado metido na tua confusão mental para quereres sequer sair dela... demasiado ocupado em seres infeliz para poderes querer mudar e dares-me um oportunidade.
E foste esquecendo tudo o que inadvertidamente soltaste. Ou mudaste de ideias durante o trajecto? Tão inteligente e tão seguro de ti que só contaste com a tua inteligência emocional, com a tua sabedoria...
Depois... depois fiquei eu exactamente no sítio onde estava ou talvez arremessada um pouco ainda mais para trás na vida. Eu, nesse lugar mas com mais marcas, mais desconfianças, mais desencantos mas também mais certezas.
Depois... depois aceitei o caminho que me foi imposto (ou terá sido oferecido?) e onde tu não estás porque não quiseste.
Estranha e imperfeita forma esta, a tua, onde um umbigo do tamanho do mundo é o centro das tuas atenções. Estranho mundo aquele que escolheste e insististe em mover-te!
Depois... depois deixei-te partir e continuei a ser eu, com mais arestas limadas, com mais recordações gravadas.
Depois... depois compreendi que também tenho um umbigo que não quer o teu mundo porque o meu umbigo não é o meu mundo e porque o meu mundo deixa entrar pessoas e sentimentos regulares.
Depois... depois deixei de te esperar, deixei de querer querer-te, deixei de me atormentar com vãs esperanças de impossíveis e soltei-te.
Depois... depois a vida permanece quase como antes de ti e há-de continuar, não sei como, mas vai continuar até chegar a minha hora.
Depois...
JC - Inédito