Habituamo-nos a viver com o que temos e com quem vivemos.
Acabamos por nos "habituar" a sociedade em que vivemos, ainda que nao estejamos de acordo, e so mais tarde percebamos porque.
Mas ha sempre uma altura em que percebemos o motivo de nos sentirmos pouco bem nessa mesma sociedade, nesse mesmo sistema.
Agora, em poucos dias descobri que:
- Nao me empurram nem me acotovelam ao entrar para o autocarro; pelo contrário. Sorriem-me e dão-me a vez, ainda que a minha não tenha chegado e eu passe indevidamente à frente, por engano ou apenas pela malvada força do hábito.
- Me acolhem com um cumprimento caloroso sempre que entro em qualquer local comercial ou quando se cruzam comigo num espaço limitado... mesmo sem me conhecerem.
- Me agradecem com cordialidade e em tom melodioso quando me dão o troco e se despedem... mesmo que eu nunca mais volte ao mesmo local.
- Não vejo papéis no chão, nem garrafas, nem plásticos. Poucas são as beatas caídas.
- Há pequenos caixotes de lixo espalhados por todo o lado. Há cinzeiros nas ruas. Há locais próprios para colocar as pastilhas elásticas depois de mastigadas.
- Não preciso de andar em slalom a desviar-me de dejectos caninos porque eles não existem. Em seu lugar há recipientes próprios para os colocar.
- Os passeios não estão atafulhados de carros mal estacionados. Raramente se ouve buzinar pois os condutores são civilizados e respeitadores das regras e sinais de trânsito.
- Há espaços verdes em frente a cada prédio, a cada habitação. Há campos de futebol para livre utilização de quem o quiser fazer.
- Nao ha policias nas ruas porque tambem nao ha delinquentes. Ha camaras de vigilancia sem que as pessoas se sintam invavdidas na sua privacidade.
- Há pessoas de todos os tamanhos e cores, vestidas das mais diversas formas, com os cortes de cabelo mais peculiares, a falar as mais diferentes línguas. Todas elas são vistas e aceites com naturalidade pois esta sociedade é composta das diferenças que a enriquecem.
Em pouco tempo percebi que sao estes pequenos nadas que eu nao tenho na minha terra, na minha sociedade e que eu vim encontrar, com naturalidade e bem-estar nesta outra sociedade, nestas outras pessoas, aqui num outro pais da nossa Europa.
E, afinal, era tao facil "transportar" este modelo para o nosso ja tao desgastado modelo, para a nossa tao fragilizada sociedade!
Se todos quisessemos... era tudo tao mais facil!!