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Praia da Albarquel - Foto de JC |
De bom grado e com jeito
Os sentimentos desordenados
Que aparecem no meu peito.
Não os posso controlar
Não os consigo ainda saber
Para podê-los gozar
Ou, no mínimo,
Saber, o que com eles fazer.
Deixam-me confusa
Deixam-me desgostosa
Há sempre em mim a recusa
E o medo da vida
Ainda mais dolorosa.
Continuo a perguntar
O porquê de viver
Continuo a querer saber
Porque ainda aqui estou,
Porque devo continuar,
O que me leva a ficar.
Respostas, não encontro.
Alegria, não tenho.
As amizades não me preenchem.
O deus que eu sigo
Ainda não O sei.
E permaneço vazia
Vazia como um ser
Sem rumo ou lei.
Tudo me levaram.
Tudo se me foi.
Houve coisas que algures se esconderam
Neste rochedo inútil
Em que actualmente
Por defesa me tornei.
Sei que me mentem
E ainda finjo acreditar
Porque muitos receios me assaltam
E em falsidade dizem me amar.
Nunca hei-de saber o que isso é
Porque a mentira
A tudo prevalece
AMOR é palavra inconsistente
É palavra falsa e vã
É sentimento impossível
Neste mundo desonesto e insensível.
Desisto.
Desisto para sempre.
Deixem-me em Paz.
Deixem-me sozinha.
Deixem-me a minha
suposta Beleza pavonear
Sem companheiros de ocasião
Que me querem exibir e usar .
A minha vida morreu.
Eu morri.
Para quê continuar
Com quem comigo
Partilhou o que me aconteceu?
Adeus.
Não gostei de Aqui estar.
Que todos sofram
O meu sofrimento
Que não lhes seja oferecida
A oportunidade de uma segunda vida
E que invejem
O padecimento que sempre escondi
Para então poderem saber
Tudo o que sofri
Enquanto vivi.
Adeus!
Este mundo não me pertence
E eu, aqui sou um Ser em excesso
Procuro apenas encontrar
O lugar de onde vim
E para o qual
De rompante, e, finalmente,
Feliz vou voltar!
JC - Inédito