domingo, 20 de dezembro de 2015

Negócio

Quero...

Quero que o mar me devore
Que as trevas me comam
Que a Terra me seja pesada
E que o meu coração deixe de bater.

Dou-te a minha vida, ou aquilo que resta dela
Dou-te o Tempo que era Teu
Mas que  à consignação mo cedeste
(Negócio perdido!)
Dou-te todos os meus Princípios,
Os Erros e as Virtudes,
Os Pecados e as Boas Acções.
Dou-te tudo o que é material
E  tudo o que foi enriquecendo o  meu Coração,
A minha alma, o meu Espírito.

Dou-te o meu Corpo também e,
Em troca, deixas cá ficar quem faz falta,
Quem não consegue mais sofrer.

Trocamos.
Vida por Vida.
A Ti, que diferença Te faz?
E Eu,, o que faço Eu aqui?



JC - Inédito


sexta-feira, 24 de abril de 2015

Buraco vazio

Praia da Albarquel - Foto de JC
Não aceito
De bom grado e com jeito
Os sentimentos desordenados
Que aparecem no meu peito.

Não os posso controlar
Não os consigo ainda saber
Para podê-los gozar
Ou, no mínimo,
Saber, o que com eles fazer.

Deixam-me confusa
Deixam-me desgostosa
Há sempre em mim a recusa
E o medo da vida
Ainda mais dolorosa.





Continuo a perguntar
O porquê de viver
Continuo a querer saber
Porque ainda aqui estou,
Porque devo continuar,
O que me leva a ficar.

Respostas, não encontro.
Alegria, não tenho.
As amizades não me preenchem.
O deus que eu sigo
Ainda não O sei.
E permaneço vazia
Vazia como um ser
Sem rumo ou lei.

Tudo me levaram.
Tudo se me foi.
Houve coisas que algures se esconderam
Neste rochedo inútil
Em que actualmente
Por defesa me tornei.

Sei que me mentem
E ainda finjo acreditar
Porque muitos receios me assaltam
E em falsidade dizem me amar.

Nunca hei-de saber o que isso é
Porque a mentira
A tudo prevalece
AMOR é palavra inconsistente
É palavra falsa e vã
É sentimento impossível
Neste mundo desonesto e insensível.

Desisto.
Desisto para sempre.
Deixem-me em Paz.
Deixem-me sozinha.
Deixem-me a minha
suposta Beleza pavonear
Sem companheiros de ocasião
Que me querem exibir e usar .

A minha vida morreu.
Eu morri.
Para quê continuar
Com quem comigo
Partilhou o que me aconteceu?

Adeus.
Não gostei de Aqui estar.
Que todos sofram
O meu sofrimento
Que não lhes seja oferecida
A oportunidade de uma segunda vida
E que invejem
O padecimento que sempre escondi
Para então poderem saber
Tudo o que sofri
Enquanto vivi.

Adeus!
Este mundo não me pertence
E eu, aqui sou um Ser em excesso
Procuro apenas encontrar
O lugar de onde vim
E para o qual
De rompante, e, finalmente,
Feliz vou voltar!

JC - Inédito


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

É possível...

Imagem retirada da net
É possível morrer de saudade
De desânimo, de solidão
É possível morrer de tristeza
De esquecimento, de ingratidão

É possível morrer de loucura, de confusão
De agrura, de desamor
É possível morrer de exaustão
De entrega, de débito de valor

É possível morrer lentamente
Um pouco de tudo isto
Todos os dias que passam
Todos os dias que faltam
Todos os dias que não vieram
Todos os dias que não chegarão

É possível morrer e continuar vivo
E em cada dia que passa, sofrer a dor
De viver, mesmo já tendo morrido
E de continuar a ter todas as outras dores,
Apesar de já todas ter vivido.

JC - Inédito