segunda-feira, 19 de maio de 2014

Talvez

Depois do vazio, há mais vazio
Depois do silêncio, há mais silêncio
Depois da perda, há mais perda
Depois da solidão, há mais solidão.

Assumi que no vazio, não faria mais frio
Assumi que o silêncio fosse substituído por palavras
Assumi que a perda deixasse de doer
Assumi que a solidão fosse preenchida... apenas preenchida.

Presunção a minha
Quando, sem me aperceber,
Deixei de aprender
E perdi tudo o que tinha.


Mudei-me então para a minha Ilha
Situada no deserto lunar
Onde a distância dos outros é tão grande
Que ninguém lhe consegue chegar.

E embora saiba onde estou
O que quero ser e para onde pretendo ir
Por vezes sinto-me à deriva
Sem nenhum porto seguro onde ancorar
Para, depois de restabelecida,
Poder voltar a partir.


Não. Afinal o silêncio foi quebrado
Por ferozes raios e trovões
Tudo foi preenchido e transformado
Em lugar de medo e confusões.


Continuam a entrar, sem que os consiga tolerar
Procissões de adversidades para ultrapassar.
Não são minhas, não as quero!
No entanto, foram elas que me vieram presentear.


Fui consumida pelo cansaço
A energia deu lugar à exaustão
Assim, não quero ser eu.
Deste modo, quero ser qualquer outra.


Tudo é já passado.
Quero O futuro.
Que venha ele.
Adeus presente.
Adeus vazio.
Adeus, adeus para sempre!

JC - Inédito