segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Pedido a Deus



"Deus
Mesmo para os descrentes há a pergunta duvidosa: e depois da morte? Mesmo para os descrentes há o instante de desespero: que Deus me ajude. Neste mesmo instante estou pedindo que Deus me ajude. Estou precisando. Precisando mais do que a força humana. E estou precisando da minha própria força. Sou forte mas também sou destrutiva. Autodestrutiva. E quem é autodestrutivo também destrói os outros. Estou ferindo muita gente. E Deus tem que vir a mim, já que eu não tenho ido a Ele. Venha, Deus, venha. Mesmo que eu não mereça, venha. Ou talvez os que menos merecem precisem mais. Só uma coisa a favor de mim eu posso dizer: nunca feri de propósito. E também me dói quando percebo que feri. Mas tantos defeitos tenho. Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e continuo inquieta e infeliz, é porque preciso que Deus venha. Venha antes que seja tarde demais."

Clarice Lispector

"Não há longa noite que não encontre o dia."

William Shakespeare 

Fabuloso Império do Nada



De facto tomamos um rumo
Em direcção ao fabuloso Império do Nada
Onde tu és o imperador e onde imperam
As tuas leis que mudam
Em cada alvorada.
Mesmo assim, o caminho escolhido
É sinuoso, incerto, tortuoso
Podendo ser diferente, escolher
A linha recta e ir sempre em frente.
Não entendo, não percebo, não aceito
Este sofrimento que me é imposto
E que oscila entre o Tudo e o Nada
A promessa e o incumprimento
A expectativa e o desalento.
E caminho
Desorientada e sempre em sofrimento
Analisando as bermas da estrada
E não encontrando o reconhecimento
Nem o carinho, nem o amor
Que um dia me fizeste acreditar
Seres tu, aí sim, o Imperador!
Nada importa, nada vale, nada interessa
Finjo agora, como tu
Acreditar em cada passo percorrido
Em cada trilho ultrapassado
E aceitar o teu ditado.
Certamente estaremos quase a chegar
Pois ao longe, já vislumbro esse lugar
Feito do teu vazio e do meu receio
Do teu escuro e do meu passado
Que se repete, qual maldição
Qual praga, que me persegue e não larga
Que me castiga e maltrata.
Irei, talvez, continuar a caminhar
Por este caminho incerto
Em direcção a esse lugar
E, quem sabe, um dia irei conhecer
Algo mais do que o Nada e Coisa Nenhuma
E alcançar, finalmente
Alguém que me ame e compreenda
E que por isso, não me magoe nem ofenda
Me queira com eu sou
Sem dote, riqueza ou condição
Que não seja aquilo que transporto
Bem cá dentro, no meu coração.
Vou, talvez, caminhar...



sábado, 29 de outubro de 2011

O tempo... sem tempo



O Tempo não abranda para nos dar tempo
Acontece sempre e passa à pressa
Sem saber do que nos priva
O que nos faz, a que nos obriga
Nesta  vida de preocupações e sobressalto.

Parece que acaba o passado tão depressa
Transforma-se de imediato o presente
E o futuro, sem tempo de o ser
É apenas uma mistura do nosso querer.

E os nossos momentos são curtos
Porque  não passam de instantes fugidios
Em que pouco conseguimos alcançar
Fazendo-nos sentir que
São ápices, pequenas ocasiões
Sempre insuficientes
Convertidos em ensejos, em desejos
Do escasso que, agora,  podemos realizar.

Fica-nos a vontade, o querer e a chama
De renovar, melhorando, cada momento
Cada hora, cada minuto, cada sentimento
Repetindo e agregando cada nova ocasião
Para irmos consumando o nosso caminho
e concretizando o rumo da nossa paixão.

Correm as horas céleres, quando juntos
Lentas e incómodas, quando afastados
Nada podemos fazer para as deter
A não ser no seu jogo entrar
E, depressa, também jogar para nada mais perder.
Vamos então viver, depressa
Mas com a nossa lentidão
Porque um longo caminho
Para ser bem feito
Deve ser consolidado com precisão.

Corre  o Tempo que não nos dá tempo
Para termos um pouco mais de tempo...







quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Metáfora da fuga



Sessenta dias.
Faz hoje sessenta longos e dolorosos dias que fugiste sem antes teres tido oportunidade de te despedires de mim.
Há sessenta dias cinzentos que eu me esforço para não ceder à vontade de ir ter contigo, de me juntar a ti. E sabes porquê? Porque me incumbiste de uma tarefa que eu tenho que cumprir, que eu te prometi cumprir, tempos antes: tomar conta dela.
Não me está a ser fácil. Não nos está a ser fácil. Sinto-me refém da tua vontade... mas talvez ela me seja necessária.
Há dias em que nem sequer me apetecia sair de casa, sair da cama que fosse! Se pudesse, ficava apenas deitada, escondida, de olhos presos no nada à espera que tudo acabasse... Mas não posso. Sou pessoa de palavra e vou cumprir escrupulosamente a minha.
Só que é tudo tão diferente sem ti, tão mais vazio, tão mais estranho, desequilibrado, insuportável!
Hoje digo que me habituaste mal, apesar de todos os teus esforços. Sim, digo que o fizeste porque, embora me tenhas fornecido de muitas armas de defesa, de segurança, de sustentabilidade... mimaste-me sempre, estiveste sempre nos meus bastidores, mesmo quando a peça da minha vida corria mal, muito mal. E hoje, estou sozinha, munida de armas mas sem o teu amor.
E é desse amor que eu agora sinto tanto a falta, que me dói tanto não ter!
Perdoei-te porque sei que a tua fuga  não foi voluntária, porque sei que não foi escolha tua.
Ainda assim e, apesar da consciência que tenho de que jamais voltarás, quase continuo à espera de te ver de novo, de voltar a estar contigo, de rir contigo, de partilhar os teus momentos, ao teu lado, à tua mesa, na tua casa...
Sei, no entanto, que um dia, não importa quando, não importa onde, te voltarei a encontrar...
E sei também que da mesma forma zelosa que eu estou a cumprir a minha promessa, tu estás a tomar conta de mim! Mas... tenho tantas saudades tuas!!
Sessenta longos, cinzentos, penosos dias!!!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A SUAVE MÃO DA TUA AUSÊNCIA



"A casa está cheia de ti
Não apenas os retratos os recantos
Os quadros
Não apenas os objectos onde
Roça ao de leve
A suave mão da tua ausência.
Mas aquela luz que trazias dentro
E deixavas de passagem
Nos seres e nas coisas.
Talvez agora mores entre as estrelas
Mas brilhas
Intensamente brilhas dentro de casa"

MANUEL ALEGRE

terça-feira, 25 de outubro de 2011

            


            Às vezes, quando caímos, é difícil levantarmo-nos.
            Agora caí porque há algo que me devora por dentro, que me consome, que me limita.
            Não sei onde estás, mas onde quer que vá, procuro o teu rosto no meio da multidão. Tudo o que faço, todos os meus pensamentos me levam de volta a ti, mesmo sem eu o querer, mesmo tentando evitá-lo. Escrevo-te cartas que não te envio, compro-te presentes que não te dou, invento contigo momentos que não existem.
            Queria voltar a sentir a tua protecção, um abraço teu, um carinho, um afago, um sorriso pois é o tempo que passamos juntos que conta, que deixa marcas, que  faz de nós seres diferentes.
            E espero o que não acontece. Sei para onde quero ir mas não sei para onde vou.
            Um adeus frenético não pode ser a resposta. O teu adeus não pode ser a resposta.
            O tempo passa e a revolta esvai-se. Olho em frente, mas não vejo o futuro nem vejo como posso construir algo de novo. Ajudas-me? Onde estás??
            Há relações impossíveis, barreiras intransponíveis, pontes inultrapassáveis, lugares e seres inatingíveis...

Em Veneza


Sonhei que finalmente havia
Conseguido libertar os meus fantasmas,
Que tinha baixado a minha defesa
E que, apaixonada e em êxtase,
Passeava contigo numa linda gôndola
Nos imensos canais de  Veneza.

Nesse passeio inventado e
Num momento inexistente
Tudo foi maravilhoso
Mas era uma vida sonhada,
Ilusória, inconsistente.
Tinham-me passado os medos
Tinha largado a tristeza
E, feliz
Limitava-me a passear contigo
Nos longos canais de Veneza.

Nessa oportunidade única
Numa experiência inolvidável
Ouvia a música tocada
Apreciava toda a beleza
E, agarrada a ti
Numa gôndola forrada a veludo
Passeava contigo
Nos muitos canais de Veneza.

Tinham-se acabado as decepções
As ilusões e os maus momentos,
Não precisava de uma e outra vez
Tentar reinventar situações
Tudo era harmonia, sintonia e leveza
Em paz e com amor, eu a ti estava presa
E limitava-me a passear contigo
Numa barca encantada
Nos majestosos canais de Veneza.

Mas eis que acordo e vejo
Que vivo uma vida que ignoro
Uma vida que não quero
E me leva ao desespero
Onde não há magia, calmia ou lindeza
Em que cada dia é uma dor e um vazio
Onde a tristeza e o isolamento
Me causam um mau sentimento.
Esta é a verdade que sinto, acordada
Resta-me, o sonho, em que
Encantada
Passeava, ao teu lado
Imensamente apaixonada
Nos eternos canais de Veneza.

sábado, 22 de outubro de 2011

Solidão ...


            " Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
              Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
             Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
              Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida. .. Isto é um princípio da natureza.
              Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
              Solidão é muito mais do que isto.
              Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.... " 

              Francisco  Buarque  de  Holanda 

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Desprezo e Receio



"Já notei que a maior parte dos homens se sente açulada e indignada quando, em pleno combate moral, recorremos à ternura e ao afecto. É vê-los feras amansadas e apanhadas de surpresa assim que recorremos à violência ou à dureza. Raça detestável! Tal preceito mantém-se praticamente inalterável no que respeita ao amor. 
Realidade estranha e deplorável, pois, em muitos casos, é igualmente aplicável à amizade; realidade pavorosa, desesperante, mas inevitável, necessária à subsistência das nossas sociedades, dos governos mais democráticos aos mais despóticos. Quando não é refreado nem reprimido, o homem aproveita imediatamente para cometer abusos. Despreza quem o receia e maltrata quem o ama; receia quem o despreza e ama quem o maltrata."


George Sand                  

Não se Diz ao Triste que se Alegre


"Pouco sabe da tristeza quem, sem remédio para ela, diz ao triste que se alegre; pois não vê que alheios contentamentos a um coração descontente, não lhe remediando o que sente, lhe dobram o que padece."

Luís Vaz de Camões

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Vazios...



Não sou Ninguém e por isso
Não me deixas preencher o teu vazio
Não queres que eu ilumine o teu buraco negro, frio
Não me permites fazer-te um telhado
Para aliviar o peso  do teu céu de chumbo, vidrado.

A vida é-te pesada, amarga, madrasta, lixada
Conheço-a também de frente para trás
E de trás para a frente
Ela tem sido minha companheira
Ela tem sido o veneno da minha herança.

Gostas do exílio que te impões
Gostas da tristeza que cultivas
Gostas do individualismo que criaste
Gostas até das saudades que sentes
Apenas de ti próprio.

Nada sou e
Em nenhum dos teus negros tenho cabimento
Não precisas da minha presença
Do meu ser, nem de nenhuma minha sentença.

Vivo os meus vazios
Os meus negros e as minhas angústias
Povoando-os com laivos de esperança
De falsa lembrança.
Mas combato de cada vez que respiro
De cada vez que, em silêncio me retiro
Para novas forças recuperar.

Não me perguntes porquê
Porque não sei a resposta
Porém, a vida é apenas uma aposta
Em que só vencem os obstinados
Os felizes, os iluminados
Os fortes e os vitoriosos...

Vou apenas respirando
E no ar, algum  consolo procurando
Porque a realidade é dura
E a vida, sempre uma amargura.
Vou apenas respirando...


domingo, 16 de outubro de 2011


"Enquanto houver uns olhos que reflectem
outros olhos que os fitam,
enquanto a boca responda a suspirar
aos lábios que suspiram,
enquanto sentir-se possam ao beijar-se
duas almas confundidas,
enquanto exista uma mulher formosa,
haverá poesia!"

Gustavo Adolfo Bécquer

sábado, 15 de outubro de 2011



"Dê a quem você ama:
Asas para voar
Raízes para voltar
E motivos para ficar."

Dalai Lama

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A letra Pê


Penso...
Possivelmente poderei prantear, porque preciso.
Prática, passo perfeitamente pela penumbra pois promovo paz, plenitude, paixão...
Pavor!! Pânico!!!
Perdi-me...
Possivelmente preciso parar para pensar...
Páro.
Posso permitir-me pedir prazos?
Posso pensar, possibilitar.. pedinchar, precisar...
Porém, pauto-me pelas preces, pelos pedidos, pela paciência.
Perco-me, pois, por  precisar piamente paixões plenas!
Paixões!?!? Poderei passar por parva, por palerma...
Preciso poder proteger-me.
Patética, possibilito passagens por pessoas podres, por poços pretos, profundos, pelas privações... pelas provocações!
Prossigo pensando poder, posteriormente, pedir-te permanentemente Paz, Paixão, Perfeição.. Plenitude.
Posso? Possibilitas-mo? Permites-mo?
Penso... 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Na minha próxima vida...



"Na Minha Próxima Vida, Quero Viver de Trás Para a Frente. 

Começar morto, para despachar logo o assunto.
Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa.
Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo.
E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer.
Por fim, passo nove meses flutuando num “spa” de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois – “Voilà!” – desapareço num orgasmo."

Woody Allen   

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Prefixos de mim




Inadaptada, inatingível, incompleta, incompreendida,  incorrigível, incrédula, insatisfeita, inquebrável, intolerável, invisível, irracional, irredutível, irremediável: eu!
"Quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas."


Sócrates

domingo, 9 de outubro de 2011

Saudade...

Saudade é o vazio que fica com a partida  de quem amamos...

Saudade é a dor de saber que não voltaremos a estar com quem partiu...

Saudade é a falta que se sente do carinho, do toque, do cheiro, do sorriso e da voz de quem nos deixou...

Saudade é a ferida aberta pela ausência de quem não pode voltar...

Saudade é a escuridão que fica quando a luz foi levada para longe por quem se foi embora... 

sábado, 8 de outubro de 2011

Ave de arribação


Aos poucos crio um rio
Com as lágrimas vertidas
Um dia ele irá ao mar
E eternamente
Ambos ficarão
Unidos por um fio
De penas vestidas.

Simulo a felicidade
Com cada esperança aberta
Ignorando a realidade
Bruta, crua, sempre tão certa!

Efabulo acreditar
Nessas histórias transmitidas
Que não são mais do que
Pedaços de invenção
De tuas vidas não vividas.


Quem és tu
De onde vens
O que pretendes, afinal
Para onde vais
Onde te quedas,
Cruel, insensível, amoral?

Tens-me por tua presa certa
Mas acredita
Sou ave de arribação
Que procura sempre o seu norte
Selvagem, emancipada, liberta
Voando em direcção à sua sorte.

Sei o que tenho
O que sou e o que quero,
Sei de onde venho
Onde estou e o que espero
Por isso, prometo que
Mais lágrimas não vou verter
Mais penas não vou permitir
Mais tristezas não vou sofrer!

Vai de retro, tentação!
Deixa-me a sós
Como sempre estive
Nesta imensa ilusão
De que um dia
Num sonho ou numa alucinação
Um belo príncipe  aparecerá
Vestido de sapo ou de cortesão
E me tomará, eu, ave
Na sua vida
Como sua única decisão!

E, aos poucos
Esse outrora projecto de rio
Secará de emoção
E de fio não passará
Morrendo, à partida, no meu coração.
Finjo, simulo, imagino...





Filho é...



"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo ! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de  perder algo tão amado. Perder?  Como?  Não é nosso, recordam-se?   Foi apenas um empréstimo".

José Saramago

Vazio




Nesta imensidão infindável de nada
Quero agregar o teu ao meu vazio
E de uma única afecção  padecer.

Continuas com medo do teu sentir,
Do meu sentir, do meu dar
Do teu unir, do teu entregar, do teu querer...
Mas eu
Tenho a esperança como certeza
E a paixão como fiança
Falta ter a tua vontade
O teu amor
Aliados à tua confiança.

A plangência consome-nos
E ataca-nos quando isolados
Mas unidos, mesmo tristes
                                                                                                                    Até o silêncio nos fortalece.

Quero que sejas tu
Mesmo nada dizendo
A precisar de cada momento meu,
A procurar preencher
Cada fragmento do teu vazio
Com  pedaços de mim
E, aos poucos,
Poder o teu escuro,
Em luz brilhante transformar.

Vamos viajar
Para um futuro desmedido
Mas de destino conhecido.
Vamos perder-nos com consciência
Nas estradas dos nossos dias
E após horas à deriva
Encontrar o conforto do caminho
No afecto e na partilha
No carinho e no amor.

Dá-me, então, esse teu vazio
Oferece-me a tua tristeza
E em troca
Deixa-me preencher o teu coração.
Oferece-me o teu nada...