sábado, 26 de setembro de 2009

Vazio


De quando em quando sinto-me vazia.
É cíclico e, ao que parece, inevitável.

Esvaziam-me por dentro, deixam-me oca e incapaz do que quer que seja; isto até recuperar, até me encher, até me regenerar... e esperar que volte a acontecer.

A única coisa que consigo sentir é o desconforto de ser como sou, a múltipla inutilidade de ser quem sou e a tristeza de ter eu própria que enfrentar as consequências da minha frontalidade.

Aliado ao meu esvaziamento caminha sempre um sentimento de impotência, de incompreensão e de desfazamento relativamente à realidade que me circunda.

E nessas alturas... nestas alturas, nem as palavras nem a partilha me confortam ou alegram.
Mas sei que sou como as árvores, que tenho as minhas raízes fortes, que as minhas folhas caem mas que um outro dia elas voltarão a crescer e a ficar verdes pois, apesar de tudo, não vou permitir que me derrubem!
Afinal... as árvores morrem de pé!!!

sábado, 5 de setembro de 2009

Ha um tempo para tudo

"Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;

tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;

tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;

tempo de espalhar pedras, e tempo de juntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de abster-se de abraçar;

tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora;

tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;

tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz."

... mas com todos estes "tempos"... muitas vezes nem sei onde me colocar e sinto o meu "relogio" completamente avariado e a querer contrariar o proprio Tempo.

sábado, 15 de agosto de 2009

Descoberta


Habituamo-nos a viver com o que temos e com quem vivemos.
Acabamos por nos "habituar" a sociedade em que vivemos, ainda que nao estejamos de acordo, e so mais tarde percebamos porque.
Mas ha sempre uma altura em que percebemos o motivo de nos sentirmos pouco bem nessa mesma sociedade, nesse mesmo sistema.

Agora, em poucos dias descobri que:

- Nao me empurram nem me acotovelam ao entrar para o autocarro; pelo contrário. Sorriem-me e dão-me a vez, ainda que a minha não tenha chegado e eu passe indevidamente à frente, por engano ou apenas pela malvada força do hábito.

- Me acolhem com um cumprimento caloroso sempre que entro em qualquer local comercial ou quando se cruzam comigo num espaço limitado... mesmo sem me conhecerem.

- Me agradecem com cordialidade e em tom melodioso quando me dão o troco e se despedem... mesmo que eu nunca mais volte ao mesmo local.

- Não vejo papéis no chão, nem garrafas, nem plásticos. Poucas são as beatas caídas.

- Há pequenos caixotes de lixo espalhados por todo o lado. Há cinzeiros nas ruas. Há locais próprios para colocar as pastilhas elásticas depois de mastigadas.

- Não preciso de andar em slalom a desviar-me de dejectos caninos porque eles não existem. Em seu lugar há recipientes próprios para os colocar.

- Os passeios não estão atafulhados de carros mal estacionados. Raramente se ouve buzinar pois os condutores são civilizados e respeitadores das regras e sinais de trânsito.

- Há espaços verdes em frente a cada prédio, a cada habitação. Há campos de futebol para livre utilização de quem o quiser fazer.

- Nao ha policias nas ruas porque tambem nao ha delinquentes. Ha camaras de vigilancia sem que as pessoas se sintam invavdidas na sua privacidade.


- Há pessoas de todos os tamanhos e cores, vestidas das mais diversas formas, com os cortes de cabelo mais peculiares, a falar as mais diferentes línguas. Todas elas são vistas e aceites com naturalidade pois esta sociedade é composta das diferenças que a enriquecem.

Em pouco tempo percebi que sao estes pequenos nadas que eu nao tenho na minha terra, na minha sociedade e que eu vim encontrar, com naturalidade e bem-estar nesta outra sociedade, nestas outras pessoas, aqui num outro pais da nossa Europa.

E, afinal, era tao facil "transportar" este modelo para o nosso ja tao desgastado modelo, para a nossa tao fragilizada sociedade!

Se todos quisessemos... era tudo tao mais facil!!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Corpo de mulher


Deram-me "isto" e foram-me dizendo que era EU, que ele me pertencia.
Fui assistindo ao seu crescimento, às suas constantes transformações, mas nunca me habituei, nunca me foi confortável, agradável nem me esteve ajustado de forma a que me identificasse a 100%.
Pelo contrário pois a maior parte do tempo desagradou-me, agrediu-me, machucou-me, aprisionou-me e limitou-me...

Sempre considerei que tinha havido uma troca, involuntária claro, um qualquer engano por parte de alguém.
Mas também com o passar do tempo percebi que ninguém terreno tinha qualquer tipo de decisão nessa escolha, nesse sentido.
Continuei a não estar de acordo, mas, sem alternativa, nada mais me restou a não ser continuar dentro dele, não lhe dando grande relevância, mas tentando tratá-lo cuidadamente de forma a minimizar o constante incómodo que ele me causava.

Menina, adolescente, jovem mulher, jovem mãe, mãe, mulher, mulher madura... agora quase avó e o mesmo incómodo constante, inevitável, indesejável.

Tantas transformações, cortes de cabelo, cremes e maquilhagens... quantas dores, rugas, cabelos brancos e sofrimento. Alegrias? Prazeres? Alguns, certamente mas sempre com contrariedade, com uma aparente e fingida aceitação...

Sempre considerei ser muito mais do que o que ele mostrava ao mundo, mas agora, tantos anos dentro dele, pouco consegui fazer, pouco consegui mostrar que pudesse e viesse contrariar a minha inocente teoria de que ele não me pertencia, de que ele não me pertence ainda, de que ele não me pertencerá nunca!

No entanto, mesmo sem provas, sem factos concretos que possam ser analisados, continuo a dizer e a sentir que EU sou mais do que este Corpo que me incomoda cada vez mais até porque se está a deteriorar, até porque está a ser cada vez mais inconveniente e menos funcional, até porque dói, até porque se está a deformar, até porque ganhou peso, até porque já nem reage às manobras de makeup, às pinturas capilares...

Decididamente, Eu sou mais do que "isto", do que este invólucro no qual fui colocada.
Talvez haja uma altura em que ele não me vai fazer falta; talvez, posteriormente passe a uma fase em que ele deixa de fazer sentido e então, finalmente, me sinta liberta e livre para poder ser apenas EU.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Poema ao acaso

Poema ao acaso

Sorrisos ou Felicidade??


" Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz"

terça-feira, 14 de julho de 2009

Tesouro escondido

Guardo ainda, num cantinho escondido de mim, um imenso tesouro secreto.

É um banquete de sentidos, invisível ainda, pleno de matérias raras e por isso nunca usadas nem nunca vividas.

Guardo-o com empenho e afinco porque sei que um dia poderei usá-las em pleno.
Há encerrado neste tesouro muita alegria e cores variadas, odores subtis, aromas frescos mas enebriantes, sons suaves e envolventes, sedas e cetins de toque macio, estonteantes bebidas frescas de sabores exóticos.

Guardo-o.
Guardo-o para o usar apenas quando o puder partilhar com quem veja esse tesouro como eu o vejo, o sinta como eu o sinto, o saboreie como eu o saboreio, o ouça como eu o ouço...

E então, o meu agora adormecido império dos sentidos poderá de novo funcionar.

Guardo, num cantinho secreto, um tesouro escondido.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Karma



Consultei os astros, através de interposta pessoa; inquiri as energias cósmicas; pedi que me deitassem as cartas; lançaram-me os búzios, leram-me as linhas da mão, elaboraram a minha carta numerológica. Falei com Deus, lancei um pedido a Alá, consultei Buda.
Fiz hipnose regressiva; efectuaram-me a leitura da aura...

De todos os lados e após todas estas tentativas, as respostas foram semelhantes, consentânias, unânimes: o meu futuro vai ser igual ao meu passado pois há modelos que têm tendência a repetir-se, uma e outra vez pois esse é o meu karma!!

Estou aqui nesta vida e agora confirmo que permanecerei apenas com o intuito de orientar, de guiar as pessoas que se atravessam no meu percurso, no meu caminho, na minha vida... e nada mais tenho a esperar.
Invariavelmente sou a sua força motriz, a sua guia, a sua mentora, ainda que o possa ser por breves momentos ou em situações pontuais. Mostro-lhes os possíveis caminhos, o melhor percurso... avanço-lhes a escolha certa...

Depois, depois de servidos, depois e também invariavelmente, os pupilos viram-me as costas e seguem o seu próprio caminho.... deixando-me para trás, no meu próprio mas inusitado caminho.
E eu fico; fico aguardando novos pupilos, novos momentos em que tenha que ensinar, em que tenha que orientar, repetidamente, porque é esse, simplesmente o meu karma!!!

domingo, 28 de junho de 2009

Quero escrever!!!


Quero escrever!
Quero escrever pela Irritação,
pela Indignação,
pela Estupefacção,
pela Admiração,
pela Revolta,
pela Raiva,
pela Dor,
pela Desilusão,
pela Tristeza
que sinto por...
Me fazerem Ser diferente,
por me sentir diferente!

Quero escrever,
Porque
Estou cansada de Conversas,
de Promessas,
de Palavras,
de Sentimentos que trazem
Tormentos,
Maus momentos,
Mais momentos de
Arrependimentos,
de
Falsos julgamentos...

Quero escrever e poder mostrar que isso é apenas...
Ser diferente!!

Quero escrever sem cessar e falar no
Descrédito,
no Desmérito,
no Desentendimento,
na Ignorância dos que não Me sabem,
dos que não Me querem,
dos que Me deixam e esquecem
Dos que não Me merecem!

Quero escrever e assim, avulso, gritar o que sinto, o que não minto, o que me vai dentro
...

E no silêncio das palavras... esperar um novo amanhecer!!!


sexta-feira, 12 de junho de 2009

Pedras no caminho


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

sábado, 6 de junho de 2009

Coisas de família


Ao contrário do que à primeira vista se possa pensar, não há vantagens em ser um dos elementos mais novos de um clã. Pelo contrário... parece-me que as desvantagens se vão acumulando com o passar do tempo.
Senão vejamos apenas algumas: em criança a diferença de idade não me permitiu um crescimento e um amadurecimento muito próximo dos meus irmãos. Quando cresci um pouco mais e estava "quase" apta a poder partilhar com eles um pouco de mim... fugiram-me, procurando o seu próprio crescimento.
Os anos continuaram o seu curso, cada qual edificando a sua ala da família e hoje, com mais de meia idade (o que é isso? quando sabemos que estamos a meio do fim da nossa vida? há algum marco, algum sinal??) vejo-me a assistir ao despedimento gradual dos que povoaram a minha vida e que, de uma forma ou de outra, me acompanharam, ainda que tenha sido à distância.
Olho em meu redor e vejo em sofrimento, em perda contínua de saúde, de consciência e de faculdades muitos dos que me são mais queridos, daqueles que são sangue do meu sangue.
Nomes como hipertensão, trombose, diabetes, cancer, alzheimer, parkinson e fabry passaram a fazer parte da minha família, como se meus familiares fossem também.
E alguns dos membros mais velhos apenas conseguem aceder à informação antiga que possuem na sua base de dados, como se algum trojan horse tivesse
entrado no seu sistema e corrompido os ficheiros...
Assisto a todo este processo com tristeza, com dor e sem impunidade pois, apesar de mais nova... tenho todos esses nomes em testamento.
Vantagens, então, de ser mais nova???

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dia da Criança


"Teus filhos não são teus filhos.

São filhas e filhos da vida por si mesma.

Eles vêm através de ti mas não de ti

E embora estejam contigo, não te pertencem."

terça-feira, 12 de maio de 2009

Animais VS Pessoas


Já tenho meditado várias vezes sobre este assunto; já tenho deixado transpirar, outras tantas, muito do que penso e sinto acerca do mesmo; parece-me até que já estou meio vacinada para as situações, que já vi e vivi quase tudo o que ainda me poderia causar espanto.
Engano o meu!!
Contínuo a espantar-me e a ficar surpreendida com a atitude pequenina de algumas pessoas, mas, sobretudo a ficar magoada com essa mesma atitude.
Por mais "perfeita" que queira ser (afinal... o que é isso da perfeição???), por mais discreta e neutra que seja a minha presença, o meu estar e participar na vida da comunidade em que me insiro, nunca o consigo e acabo sempre por ser alvo de conversas (vulgo falatório ou, melhor falando, de coscuvilhice); mesmo nada fazendo, comportando-me de forma correcta (como sempre o faço, como princípio de vida) sou alvo de críticas, de falazares.
Pergunto-me ainda e no entanto, o que confere às pessoas esse direito?
Gostaria que essas pessoas, todas elas necessariamente com vidas imperfeitas, cheias de buracos e de telhados de vidro, me dissessem porque não se limitam à temática sugerida pelas revistas coloridas e das novelas das quais tanto gostam?
É que, dessa forma, com o espírito e as línguas ocupadas por esses assuntos, não teriam espaço para me chatear, aborrecer, comentar...
Reflectindo melhor, afinal o que eu sinto por essas pessoas é dó, é comiseração pela sua pequenez de espírito; elas não são mais do que umas coitadas, cínicas sem dúvida, que se ocupam da vida dos outros a fim de esquecerem a sua própria vida, também ela cheia de defeitos (porque humana, sem dúvida!) e muito vazia de conhecimentos, sentimentos e acontecimentos...
E então, se Ele lá estiver em cima em observação, perdoar-lhes-à... pelo menos é essa a minha vontade.
No entanto, apraz-me dizer que, quanto mais conheço as pessoas e mais lido com elas, mais gosto dos animais, esses sim, puros e dedicados incondicionalmente, constantes no seu amor, sem maldade e sem línguas afiadas!!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

E agora?


E agora? Agora... o que hei-de pensar, dizer, sentir?

Ando por ali (por opção consciente) desde 88. Apesar de tudo tomo-o também um pouco por "meu" (sim, temos a mania da posse, eu sei), passo nele todos os dias, para baixo e para cima sem problemas, sentindo-me "segura" porque todos os que nele habitam (ou alguns que informam os todos) me conhecem, porque não sou persona non grata. porque apesar de todas as suas imperfeições consigo gostar deles e de os tratar com respeito (quando mo merecem e me tratam da mesma forma), porque ao longo de todos estes anos sempre lhes dei o meu melhor para os ajudar e para contribuir para o seu crescimento enquanto pessoas e para a sua integração numa sociedade também imperfeita...

Sempre, ainda que de uma forma velada, os defendi à minha maneira, tentei percebê-los e desculpar os muitos dos seus actos incorrectos... entrar um pouco nas suas vidas vazias porque sem objectivos, porque sem princípios, porque sem condições, porque sem amor...

Mas agora é isto: coktails mollotof, tiros a torto e a direito, agressões, carros incendiados, desrespeito às figuras (todas) de autoridade...

Agora sou eu que estou triste e revoltada, que não lhes tenho respeito porque estão a desrespeitar tudo e todos; sou eu que sinto a injustiça das gentes que reclamam sem saber exactamente o porquê, que estão a ripostar apenas para não aceitarem o que é óbvio, o que é correcto...

Não tenho medo de ser apanhada por uma qualquer bala perdida; não tenho medo que me incendeiem o meu velho carro; não tenho medo que me apedrejem ou agridam à facada...
Tenho medo e isso sim, que estes "jovens" estejam irremediavelmente perdidos para a sociedade e que o "futuro" que eles podiam ser, não chegue a acontecer.

Mas... em que parte (remota certamente) é que todos falhámos?

E agora? Qual vai ser o caminho... Agora... o que hei-de pensar, dizer, sentir?
Onde está afinal a bela vista prometida?

domingo, 29 de março de 2009

Ser




Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.

Pablo Neruda
Quero seguir este conselho e continuar a ser... a ser apenas o que consigo, o que posso, o que me deixam... não tudo o que queria efectivamente SER.Vou continuar a embrenhar-me em cada dia que passa, em cada pequeno nada que faço, esforçando-me para continuar a crescer e atingir o patamar seguinte, ainda que em pequenos passos. Sim, vou seguir as minhas emoções, ainda que adormecidas por vezes e mesclá-las com a minha vontade e com a minha racionalidade. Vou ser e continuar a dar o melhor de mim, ainda que os outros não se apercebam que eu me esforço e que existo.E vou continuar a crescer, enquanto ser, querendo sempre ... SER!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Internet


Inventámos uma nova forma de estar na vida através da Internet.

Com ela ligamo-nos a tudo e a todos e viajamos pelo mundo sem nos ligarmos a nada ou a ninguém e sem saírmos do mesmo sítio.

Inventamos também, alguns, pessoas que não somos, mas que possivelmente gostariamos de ser porque soltamos o outro "eu" que existe dentro de nós.

Quanto a mim, prefiro ser eu o tempo todo e não brinco ao "faz-de-conta", com as consequências que isso possa acarretar.

Na Internet fazemos amigos a quem nunca vimos ou veremos cara a cara, arranjamos inimigos, zangamo-nos, rimos e choramos, experimentamos sentimentos novos porque também eles criados através do virtual...

Estes são os frutos do nosso tempo, mas devemos, contudo, ter algum cuidado com tudo isto porque se tal não acontecer podemos saír magoados sem ser virtualmente e então sentir-nos-emos no deserto e não haverá "net" que nos valha!!!

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A Esperança e Eu


Não nos devemos perder na armadilha da Esperança, 
na ilusão de que a suposta ajuda vem de fora, 
que é o "outro" que pode preencher o nosso aparente vazio.

O "preenchimento" é sempre interno e só quando estivermos plenos de nós e em nós, 
poderemos ser felizes
e pensar noutro tipo de esperança...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sonhos


Vivemos sempre à volta dos sonhos. É inevitável, mesmo quando não o admitimos.

Primeiro talvez dos sonhos dos nossos pais, daqueles sonhos que sobraram deles ou que faltaram ser concretizados por eles próprios... então, quando isso acontece, somos forçados, de algum forma, a alcançar o que lhes ficou em suspenso...

E vamos então, em simultâneo, formulando os nossos sonhos, esforçando-nos por edificá-los para que eles não se percam nem sejam esquecidos ou se desvaneçam nas teias das nossas dificuldades e impossíveis.

Temos depois os nossos filhos e, por algum motivo (ou por vários) começamos a ter sonhos nossos para eles, projectando nas suas vidas a concretização de sonhos que foram nossos mas que não vivemos e não atingimos: faltou-nos o tempo, a coragem ou a oportunidade.

Inevitavelmente, porque não passaram disso (de sonhos!!) um dia "acordamos" e damo-nos conta que os sonhos apenas foram isso mesmo, que não se concretizaram ou que andámos a viver os sonhos de outros ou que quisemos que alguém vivesse o nosso sonho.
E vem a dor, um acordar forçado, abrupto e difícil de aceitar.


Valerá a pena sonhar inventando desejos e projectos???
Creio que sim pois a ilusão também faz parte da realidade da vida.
Quando deixarmos de sonhar, por e para nós ou mesmo por e para alguém que amamos a nossa vida tornar-se-á certamente mais inobjectiva...
Vamos sonhando...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Heranças e Homenagens

Quando tudo o resto parece desmoronar-se ao meu redor, agarro-me com todas as forças (qual leoa ameaçada) ao que possuo, ao que será eterno para mim, ao que é palpável, verdadeiro e constante.

Tenho uma riqueza enorme que recebi como herança; é um legado sem matéria, mas do qual me orgulho: não são terrenos,nem castelos ou moradias; não é ouro ou jóias, nem pedras preciosas; não são carros de alta gama nem barcos ou aviões.

Essa riqueza é "apenas" fruto de um conjunto de princípios e de valores, envoltos em amor verdadeiro, que me foram dados em vida pelos meus progenitores.
Orgulho-me deles e do pequeno-Grande império (de coisa nenhuma material) que conseguiram construir e transmitir aos seus filhos.
São eles o pilar da família e da razão. São eles o porto seguro onde invariavelmente os descendentes acostam em alturas de maremotos. São eles a bonança, sempre presente em cada tempestade gerada no exterior. São eles o amor e o carinho, a sensatez e a esperança, mesmo depois de quase todo o mundo já ter desabado sobre si.

Porquê, então, fazer-lhes uma homenagem póstuma, quando já não a puderem ver, sentir e ouvir?
Homenageio-os todos os dias, em pequenos gestos, em pequenas atitudes, em pequenos actos e atenções.
Fruo todos os momentos que passo com eles, e faço-me de forte e independente, mesmo quando me sinto fraca, carente deles e do seu amor e pretendo desistir de tudo... sabendo que não o posso fazer, que não o devo sequer pensar.
Sofrer sozinho é a forma mais complicada e dolorosa de o fazer... por isso, com eles, até a dor é partilhada.

Quando o tempo passar de forma abrupta e irreversível e os levar para longe da minha vista, continuarão dentro do meu ser, fisica e sentimentalmente.
Sou portadora dos seus genes, mesmo daqueles raros e indesejados, que transporto dentro do meu corpo e que, sem o saber, já os dei como herança ao meu descendente.
Mas não vou nunca fazer desses genes indesejados uma forma de vida, ainda que para isso tenha que lidar com a ignorância dos que se dizem perfeitos.
E não vou nunca esquecer a aprendizagem feita graças aos grandes lutadores que me deram origem.
Para eles, apenas o meu humilde e eterno agradecimento e o meu infinito reconhecimento, mesmo quando as palavras mais pomposas me faltam, mesmo quando o sofisticado se tornou simples.

Neste momento, sou apenas uma leoa ameaçada, de garras de fora, em luta, porque tudo em meu redor se desmoronou.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Os medos do medo...


Tenho MedoS.
Muitos MedoS de muitas coisas diferentes, palpáveis alguns, etéreos outros...
Tenho medo que o meu medo se materialize e que me faça ver todas as pessoas a perderem os valores que diziam ter;
tenho medo que o sol deixe de brilhar dentro dos corações dos que acreditam que ser feliz é possível;
tenho medo que o medo me tolha e impeça de ser forte e de lutar pelos meus projectos;
tenho medo que o frio se alie à cobardia dos que se escondem atrás de poemas roubados, ou de colecções ridículas de fotos e todos se transformem assim;
tenho medo que a falsidade tome conta dos que me rodeiam;
tenho medo que o tempo me consuma antes de eu perder todos os medos e poder lutar contra eles;
tenho medo que à força da dor, deixe de ser eu própria;
tenho medo que, por me baterem tanto, possa perder para sempre o riso e a boa disposição que fazem parte de mim;
tenho medo que matem o amor que mora no meu coração antes que eu o possa distribuir da forma que quero...
tenho medo que o Mal prevaleça sobre o Bem...
E tenho MedoS dos quais nem ouso falar pois só de pensar neles, sofro por antecipação...
Tenho tantos MedoS!!!